Exoplaneta Genuinamente Brasileiro?

  Cientistas anunciam a descoberta do primeiro  exoplaneta  genuinamente Brasileiro


Planeta gasoso do tipo Júpiter que orbita uma estrela semelhante ao Sol é descoberto por uma equipe de astrônomos  brasileiros. Trata-se de uma façanha e conquista para a ciência nacional, o anúncio  do primeiro planeta descoberto por uma equipe totalmente composta por astrônomos brasileiros.

De forma inédita, uma equipe totalmente composta por cientistas brasileiros anunciou a descoberta de um novo planeta. O trabalho científico sobre o novo astro será publicado esta semana na prestigiada revista britânica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e anunciado na a XLI Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira, que ocorrerá entre 4 e 8 de setembro na cidade de São Paulo, SP.

A equipe de cientistas é formada por sete pesquisadores de universidades de diferentes regiões do Brasil: Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade de São Paulo (USP), Observatório Nacional do Rio de Janeiro (ON) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Localizado na direção da constelação de Monoceros e distante cerca de 1200 anos-luz (um ano luz equivale a cerca de 9,5 quadrilhões de metros), o planeta descoberto possui o tamanho aproximado de Saturno, mas com metade de sua massa. Trata-se de um corpo celeste gasoso, assim como Júpiter em nosso sistema solar. O planeta orbita uma estrela parecida com o Sol: sua massa é 8% maior, seu raio 21% menor e sua temperatura 200°C mais quente. Os pesquisadores indicam que a densidade do planeta é menor que a densidade da água. Apenas para exemplificar, se existisse um oceano grande suficiente para conter o planeta, ele flutuaria. Entretanto mais observações são necessárias para confirmar a medida da densidade.

“A órbita do planeta é muito próxima da estrela. A distância entre eles é cinco vezes menor que a de Mercúrio ao Sol, o que o torna muito quente. Estimamos que a temperatura do planeta esteja em torno de 1100°C e que possua ventos de milhares de quilômetros por hora”, explica o professor Marcelo Emilio (UEPG), orientador da tese de doutoramento de Rodrigo Carlos Boufleur, defendida no ON no último dia 28 de agosto, e que deu origem ao trabalho científico.

A técnica utilizada para encontrar o planeta é chamada “trânsito planetário”. É semelhante ao fenômeno dos trânsitos de Mercúrio e Vênus em frente ao nosso Sol. Observa-se a diminuição do brilho da estrela pelo fato do planeta ter passado em frente a estrela. Para fazer a medida foram analisadas observações feitas pelo satélite CoRoT (COnvection ROtation and planetary Transits). Esse satélite foi construído e operado pela Agência Espacial Francesa, pela Agência Espacial Européia e pelo Brasil.




 Satélite CoRoT em operação

A confirmação da existência do planeta foi realizada utilizando a técnica de espectroscopia com um dos melhores instrumentos para esse fim chamado HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher), localizado em La Silla, Chile.

Outros dois planetas do tamanho de Júpiter foram também encontrados no mesmo trabalho, e necessitam de mais observações para que se possa determinar melhor suas massas. A descoberta de novos mundos é um dos campos mais interessantes e promissores na área da astronomia. O número de planetas descobertos ainda é pequeno em relação ao que deve existir em nossa Galáxia. Mais observações e descobertas são necessárias para entendermos como sistemas solares são formados. Questões fundamentais como: seria o nosso sistema solar uma exceção?

“ Este é um planeta gigante gasoso e quente localizado próximo de sua estrela. Sua atmosfera extremamente turbulenta figura entre um dos climas mais extremos até hoje estudado.  Orbitam em movimento travado devido as marés, o que significa que eles têm dias difíceis com muita radiação e partículas de um lado e noites eternas do outro.  A formação destes gigantes gasoso representam um desafio para atual teoria que  descreve a formação planetária”,  explica o astrofísico Prof. José-Dias do Nascimento da UFRN, coautor do artigo que anuncia a descoberta.




 Representação artística do planeta CoRoT ID 223977153-b.

Link para o artigo na página da revista

Autores: Rodrigo C. Boufleur (ON), Marcelo Emilio (UEPG), Eduardo Janot Pacheco (IAG/USP), Laerte Andrade (UEPG), Sylvio Ferraz-Mello (IAG/USP),
José Dias do Nascimento Júnior (UFRN), J. Ramiro de La Reza (ON).


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