A astronomia e a revolução das "mulheres computadores"
No início do século 20,
um grupo de mulheres conhecido como "mulheres computadores" em vários
lugares do mundo (desde o Observatory Harvard até o observatório de Greenwich)
ajudaram a revolucionar a ciência da
Astronomia e o nascimento da Astrofísica moderna.
Como elas revolucionaram a astrofísica moderna.
Em 1881, Edward Charles Pickering, diretor do Observatório de Harvard, tinha um problema: o volume de dados que entrava em seu observatório era superior a capacidade da sua equipe para analisar. Neste período ele também tinha dúvidas sobre a competência de sua equipe, especialmente do seu astronomo assistente. Então ele fez o que o que qualquer cientista do final do século 19 teria feito. Simplesmente demitiu o assistente (que era um pesquisador) e substituiu-o por uma assistente, Williamina Fleming. Fleming se mostrou tão habilitada nos cálculos que trabalhou aqui neste mesmo prédio que estou na Universidade de Harvard por 34 anos.
Como elas revolucionaram a astrofísica moderna.
Em 1881, Edward Charles Pickering, diretor do Observatório de Harvard, tinha um problema: o volume de dados que entrava em seu observatório era superior a capacidade da sua equipe para analisar. Neste período ele também tinha dúvidas sobre a competência de sua equipe, especialmente do seu astronomo assistente. Então ele fez o que o que qualquer cientista do final do século 19 teria feito. Simplesmente demitiu o assistente (que era um pesquisador) e substituiu-o por uma assistente, Williamina Fleming. Fleming se mostrou tão habilitada nos cálculos que trabalhou aqui neste mesmo prédio que estou na Universidade de Harvard por 34 anos.
Assim
começou uma era na história do Harvard
Observatory, onde as mulheres - mais de 80, durante o mandato de Pickering, a
partir de 1877 até sua morte em 1919 - trabalharam para o diretor e sua equipe em
catalogação. A maioria são
lembradas não individualmente, mas coletivamente, pelo apelido "Harém de
Pickering". Ainda tem fotos de
todas elas pelos corredores que passamos para entrar no CfA ou ir para o auditório de seminários e
Teses, o Phillips Auditorium na 60 Garden Street. O apelido
de "Harém de Pickering
reflete a situação da mulher no momento em que elas estavamPara se ter uma
ideia, as expectativas tradicionais das mulheres foram mudando lentamente neste lado mundo
"moderno" e seis de "Sete
Irmãs" começaram a trabalhar entre
1865 e 1889 na academia (Mount Holyoke
abriu as suas portas em 1837) e pouco a pouco as universidades começaram a admitir estudantes do sexo feminino em
ciências. Famílias de classe alta
incentivavam suas filhas a participar dos estudos das ciências. Edward
Pickering era um tal pensador progressista da época, ao menos quando se trata
de abertura de oportunidades educacionais. Proveniente da Nova Inglaterra
(região dos arredores de Boston), ele era
formado por Harvard em 1865 e ensinou física no Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT) que também esta situado em Cambridge ao lado de Harvard.
Lá no MIT ele revolucionou o método da
pedagogia científica incentivando os alunos a participar em experiências. Ele
também convidou Sarah Frances Whiting, uma jovem aspirante a cientista a
assistir suas palestras e observar seus experimentos.
Ao todo, mais de 80 mulheres trabalhavam para Pickering
durante seu mandato no Observatório de Harvard (que se estendeu até 1918), eram
seis dias por semana debruçadas sobre fotografias, e ganhando de 25 a 50
centavos (de dolar) por hora (metade do que um homem teria sido
pago). O trabalho diário era em grande parte clerical: algumas mulheres
condizia as fotografias, levando em conta coisas como refração
atmosférica e outros efeitos, a fim de tornar a imagem mais clara e pura
possível. Outras iriam classificar as estrelas através da comparação com
fotografias para catálogos conhecidos. Outras catalogavam as fotografias por si
mesmo, fazendo anotações cuidadosas da data de cada imagem , da exposição e da
região do céu que foi fotografada. As notas foram meticulosamente copiadas em
tabelas, que incluíram a localização da estrela no céu e sua magnitude.
"Foi uma coisa fantástica", como Fleming anotou em seu diário.
Sala de trabalho em um dia típico. Acervo do Harvard College Observatory and the Smithsonian Astrophysical Observatory. |
Annie Jump Cannon
Uma dos computadores de Pickering, no entanto, se destacara por sua contribuição à astronomia : Annie Jump Cannon, que desenvolveu um sistema de classificação de estrelas que ainda é usado até hoje. Fiz algumas foto de a;umas das várias fotos que existem aqui pelo corredor que passamos todos os dias. Annie nasceu em Delaware, em 11 de dezembro de 1863. Seu pai, um construtor naval, tinha algum conhecimento sobre astronomia e estrelas, mas foi sua mãe, que alimentou seu interesse desde a infância por astronomia. De forma geral, os pais nutriram seu amor pelo aprendizado e em 1880 quando ela se matriculou na Universidade de Wellesley, e se tornou uma das primeiras mulheres de Delaware a frenquantar uma faculdade. Em 1896, Annie Cannon tornou-se membro do grupo de "Mulheres de Pickering", e figurava entre estas mulheres contratadas pelo diretor do Observatório de Harvard para completar o Catálogo Henry Draper, mapeamento e calssificando baseada em placas fotográficas cada estrela visível no céu até magnitude 9.
O
financiamento deste trabalho trouxe Anna Draper, que era uma viúva de um
médico rico e astrônomo amador Henry Draper (dai o nome HD dos catálogos
utilizados até hoje). A dinimanica do observatorio esra a seguinte. Os homens faziam o trabalho de operar os
telescópios e tirar fotografias enquanto as mulheres examinava os dados,
realizados cálculos astronômicos e assim catalogando tidas as fotgrafias e
registros durante o dia. A ideia de Pickering era de fazer um Catálogo o mais
completo possivel e assim um projeto de
longo prazo e em seguida indexar
e classificar estrelas porseus
espectros. Um trabalho giganteso
para a época.
Fotos do meu acervo que fiz no corredor onde existem placas de homenagem a Anne Jump Cannon e Cecilia Payne. No CfA-Smithonian Observatory, 2014. |
Cecilia Helena Payne
No mesmo corredor aqui do Smithsonia, temos as fotos de
Cecilia Helena Payne (10 de maio de 1900 - 7 de dezembro de 1979), que
foi uma astrônoma/astrofísica britânica-americana e em 1925, propôs em
seu doutorado a tese com a explicação sobre a composição das estrelas em termos
de abundância relativa de hidrogênio e hélio. Todos estudamos isso diariamente.
Cecilia, foi criada pela mãe. Sua mãe optou por gastar todo seu
dinheiro na educacao de seu irmão. Em 1919, ela ganhou uma bolsa para Newnham
College, Universidade de Cambridge. Depois de assistir uma palestra de Arthur
Eddington em 1919 e sua expedição à ilha do Príncipe, no Golfo da Guiné,
na costa oeste da África para observar e fotografar as estrelas em um eclipse
solar como um teste da teoria geral da relatividade de Einstein, ela decidiu
seguir os passos da astronomia. Ela completou os seus estudos,
mas não foi premiado com um grau por ser uma mulher. Ela foi a primeira aluna
da turma baseado nas suas notas. Cambridge não concedia graus
para mulheres até 1948.
Cecilia Payne percebeu que sua opção de carreira no
Reino Unido seria se tornar uma professora de crianças, então ela olhou para os
subsídios que tinha e foi para os Estados Unidos. Após uma reunião
com Harlow Shapley, o Diretor do Harvard College Observatory, que tinha
acabado de começar um programa de pós-graduação em astronomia. Ela deixou
a Inglaterra em 1923. Isso foi possível graças a uma bolsa de estudo para
incentivar as mulheres a estudar no Observatório.
A carreira de Payne marcou uma espécie de ponto de nao
retorno para a possibilidade de doutorados para mulheres no Harvard
College Observatory, sob a direção de Harlow Shapley. O Ph.D. de
Payne fez brilhar a estrela das mulheres na comunidade
científica, em grande parte dominada por homens. Payne foi uma
inspiração para muitos e muitas. Incentivou a familia de Feyman (Nobel de Fisica),
porem isso é outra historia. Aqui minhas fotos do corredor do
Smithsonian-Harvard CfA.
Fiz as fotos dos quadros do Observatório de
Harvard. Feitas em Dezembro de 2014
|
Annie
Maunder nasceu na Irlanda , em 1868. Ela ganhou uma bolsa de estudos para
estudar em Cambridge, onde cursou
matemática. Ela era a melhor do seu ano, porém nao recebeu o titulo de
Bacharel por que somente poderia ser
dados para homens.
Após sua graduação
, ela foi a trabalhar como uma 'maquina de calcular' no Observatório Real ,
Greenwich . Era mal paga e na maioria
das vezes fazia trabalho servil. Devido a um lapso de sorte, Annie,
tornou-se assistente (e depois esposa) de Edward Walter Maunder, que era o
diretor do Departamento Espectroscopia
do Observatório . Eles colaboraram no trabalho sobre o rastreamento
de manchas solares criada por intensa
atividade magnética.
Annie
renunciou seu posto no Observatório , mas continuou trabalhando com o marido e
juntos mostraram que havia uma ligação entre o número de manchas solares na
superfície do Sol e o clima na Terra .
Descobriram o período prolongado
no qual houve um número anormalmente baixo de manchas solares, O mínimo de
Maunder , que é conhecido ate hoje desta foram.
As descobertas resultaram no diagrama de borboleta.
Versão
moderna do diagrama borboleta publicada por Edward Maunder e com base no
trabalho feito com sua esposa , Annie. O diagrama mostra que a localização e variação
das manchas solares ao longo do ciclo de
11 anos do sol. O Diagrama parece um
pouco como a forma de uma borboletas - daí o nome. (Crédito: NASA). Para saber mais sobre o Diagrama:
http://solarscience.msfc.nasa.gov/SunspotCycle.shtml
http://solarscience.msfc.nasa.gov/SunspotCycle.shtml
Caroline Herschel foi a primeira mulher a descobrir um
cometa - e encontrou oito no total. Embora seja mais conhecida por seus cometas,
ela também descobriu vários objetos do céu profundo, incluindo a galáxia
Sculptor.
Caroline nasceu em 1750 , em Hanover na Alemanha. A partir
da idade de 22 anos ela viveu com seu irmão , William, na Inglaterra. Depois de
descobrir Urano , William se tornou um astrônomo da Família Real, e Caroline
sua assistente. O Rei George III concedeu Caroline um salário de £50 por
seu trabalho, fazendo dela a primeira mulher a ganhar a vida com a astronomia.
Caroline descobriu a galáxia de Scuptor, ou NGC 253 em
1783. Esta galáxia encontra-se a cerca de 13 milhões de anos-luz da Terra e
está passando por uma enorme explosão de formação estelar. É uma galáxia
empoeirada - somente quando olhando para ela no infravermelho é que conseguimos
perceber e ver a verdadeira extensão da formação estelar intensa no interior.
http://www.eso.org/public/images/eso1025a/
Esta
imagem, feita pelo telescópio VISTA e revela os braços espirais da galáxia e o núcleo brilhante.
Caroline também descobriu Messier 110. Hoje, é claro, existem muitas mulheres que
trabalham em astronomia. As barreiras de entrada não são as mesmos que eram nos
dias de Caroline Herschel ou Annie Maunder. Porém há ainda
um longo caminho a percorrer para
que haja um número razoável de mulheres nas ciências, engenharias e
tecnologias.
-->
Com carinho
para minhas amigas astrônomas da Sociedade Astronômica Brasileira. Minhas
orientadoras de Doutorado que são duas grandes mulheres da Astrofisica Estelar.
Importantes não somente na França mas em todo o mundo. S. Vauclair e C. Charbonnel. Merci!
E para minhas alunas que estão começando a longa caminhada da Astronomia.
Para alto e avante!
-->
Para saber mais sobre Websites
on Women in Astronomy
https://www.cfa.harvard.edu/~jshaw/pick.html
https://www.cfa.harvard.edu/~alexg/ajc.html
http://w.astro.berkeley.edu/~gmarcy/women/history.html
https://en.wikipedia.org/wiki/Harvard_Computers
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Por Prof. José-Dias do Nascimento Jr. é PhD em Astrofísica pela Universidade de Toulouse, Françe (1999) , pesquisador do Harvard–Smithsonian Center for Astrophysics (CfA) e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. UFRN, Natal RN.
Olá! Estava pensando em traduzir esse texto, gostei muito mas achei sua postagem antes. Posso fazer a revisão, vi que ela ainda está pendente. Que tal? pode só me mandar um e-mail caso queira: giuliano_la_004 [arroba] hotmail.com
ResponderExcluirFantástico!
ResponderExcluirFelizmente, os créditos para as nossas heroínas de Harvard.