Já teve chuva forte ontem e vem mais água por aí! Esse ano é atípico e com descargas elétricas acima do normal. Explicar a descarga em si é tranquilo, porém a estatística de sua incidência numa área não é uma tarefa fácil até porque depende de muitos fatores e estes variam com o tempo.
Sobre raios, estes começam como cargas estáticas em uma nuvem de chuva. Os ventos dentro da nuvem são muito turbulentos. Gotas de água na parte inferior da nuvem são capturadas nas correntes ascendentes e elevadas a grandes alturas, onde a atmosfera muito mais fria as congela. Enquanto isso, correntes de ar na nuvem empurram o gelo e caem do topo da nuvem. Onde o gelo descendo encontra a água subindo, os elétrons são removidos. Na verdade isso aí é o começo e a física em seus detalhes teóricos é um pouco mais complicado que isso, mas o resultado é uma nuvem com o fundo com carga negativa e um topo com carga positiva. Os campos elétricos se tornam incrivelmente fortes e com a atmosfera agindo como um isolante elétrico, as cargas ficam e excesso flutuando na nuvem como um elástico esticado e pronto para lançar seu excesso de energia potencial acumulada no meio circundante.
Quando a força da carga que resulta do excesso de campo elétrico e acúmulo de cargas domina as propriedades isolantes da atmosfera, bummmmmm..Um raio acontece. Devido a um efeito que chamamos de “efeito de ponta” o raio procura o caminho mais próximo e mais fácil para liberar sua carga. Muitas vezes, um raio ocorre entre nuvens ou dentro de uma nuvem. É o tipo de raio nuvem - nuvem. Raios podem subir ou descer.
Mas o raio com o qual mais nos preocupamos é o relâmpago que vai das nuvens ao solo - porque lá embaixo estamos nós! Esse aí do vídeo foi filmado ontem em Natal. Na praia e lá você pode ser uma “ponta” negra (trocadilho infame eu sei).
Em uma fração de segundo, um raio aquece o ar ao seu redor a temperaturas incríveis - tão quentes como 30.000 ° C. Isso é cinco vezes mais quente que a superfície do sol!
O ar aquecido se expande de forma explosiva, criando uma onda de choque à medida que o ar circundante é rapidamente comprimido. O ar então se contrai rapidamente enquanto esfria. Isso cria um som inicial de praaaaaaa, seguido de ruídos enquanto a coluna de ar continua a vibrar.
Se estamos observando o céu, vemos o raio antes de ouvirmos o trovão. Isso ocorre porque a luz viaja muito mais rápido que as ondas sonoras. Podemos estimar a distância do raio contando quantos segundos leva até ouvirmos o trovão. Demora aproximadamente 5 segundos para o som percorrer aproximadamente 2km. Se o trovão segue o relâmpago quase instantaneamente, você sabe que o raio está muito próximo. Se preocupe! Você pode ser a ponta escolhida. Rapidamente vai precisar de um para raio (ponta) por perto, porém não tão perto.
Bom, isto tudo não explica porque tantos raios esse ano por aqui. Claro que a umidade atmosférica é fator fundamental e isso têm mudado no mundo todo através dos anos. Já notaram que as tanajuras sumiram de Natal? Pois é, as duas coisas podem estar associadas e até o aquecimento global ou um plano diretor pode alterar a termodinâmica de uma cidade, porém isso é conversa pra outro dia.
Prof José Dias do Nascimento Jr.
Astrofísico. Dep Física #UFRN
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